terça-feira, 28 de abril de 2015

Transformando idéias em epidemias

Passei os olhos em "O Ponto da Virada" na época da faculdade e agora resolvi ler de novo. Dessa vez com mais vontade :) Às vezes acho que é bom fazer essas releituras porque a gente muda com o tempo e passa a ver tudo com um outro olhar.

O livro fala sobre como comportamentos e idéias atingem o que o autor chama de "ponto da virada" e se transformam em epidemias. É recheado de exemplos reais tanto na área da saúde, comportamento social e marketing que deixam a leitura bem interessante. Com esses exemplos ele mostra que existem praticamente três agentes de mudança que podem ajudar um comportamento ou ideia a atingir esse ponto da virada:
1-Os eleitos: são tipos de pessoas como os comunicadores ( que espalham a mensagem), experts (que têm muito conhecimento sobre o assunto) ou vendedores (que têm uma habilidade de contágio verbal e emocional) que funcionam como "tradutores", decodificando e levando mensagens para uma maioria inicial.
2-O fator de fixação: é a forma e o conteúdo da mensagem que às vezes com pequenos ajustes, pode ficar mais forte e fácil para ser transmitida.
3-O poder do contexto: esse é o "agente" que mais me impressiona. É o poder que o meio (contexto) e a personalidade das pessoas que nos cercam têm de transmitir uma mensagem e influenciar nossos comportamentos e crenças mais profundos. O exemplo mais impactante é o da "prisão falsa" feito em 1970 em Stanford. Os cientistas sociais montaram uma falsa penitenciária onde um grupo de voluntários assumiria o papel de presos e outro grupo o papel de guardas. No segundo dia de experimento os "guardas" estavam submetendo os "presos" à punições arbitrárias e os "presos" também iniciaram uma rebelião violenta. O experimento teve que terminar bem antes que o previsto por segurança. Isso revela como o ambiente ruim da prisão mesmo que simulado influenciou profundamente o comportamento de pessoas que se diziam passivas e contra a violência.

Confesso que no meio do livro comecei a ficar meio agoniada, tentando tirar uma "fórmula" ou uma receita de bolo para poder aplicar essas teorias no meu dia-a-dia de marketing. Mas aí o autor me presenteou com uma frase: " Quem é bem sucedido na criação de uma epidemia social não consegue isso fazendo apenas o que acha que esta certo... porquê a comunicação humana tem suas próprias  regras bastante insólitas e contrárias às expectativas."  Então a palavra que fica pro marketing é TESTE. Porquê não existe fórmula mágica que garanta que aquele vídeo "viralize"  e aquela campanha "cole" :)

domingo, 19 de abril de 2015

Um mergulho no inconsciente

Estou passando por uma fase introspectiva e penso que isso tem algo a ver com a idade...rs O fato é que, ultimamente, tenho feito uma dobradinha de livros pra me ajudar a entender melhor o comportamento humano e nosso inconsciente. Consequentemente isso acaba sendo ótimo para o meu dia-a-dia como profissional de marketing já que, normalmente, falamos "consumidores" mas precisamos lembrar que estamos lidando com pessoas acima de tudo :)

Minhas últimas leituras foram "Subliminar" de Leonard Mlodinow e o famoso "O Ponto Da Virada" de Malcolm Gladwell. Vou falar um pouco sobre o primeiro e deixo o outro para um próximo post.

Em "Subliminar", o autor mostra como o inconsciente influencia nossas vidas em diversos aspectos como visão, memória e interações sociais. Isso abre um novo caminho caso você queira entender melhor as pessoas e tentar sair do "piloto automático". No caso da memória, como nosso cérebro não é capaz de processar tudo, por instinto de sobrevivência, ele troca a lembrança perfeita pelo filtro do que é capaz de processar. E é aí que entra nosso inconsciente encaixando as "memórias" de modo mais confortável. Casos de testemunhas, condenações erradas e experimentos científicos mostram claramente como isso acontece e deixam a leitura mais interessante. Como um experimento do cara que nunca andou de balão mas é levado a acreditar que sim. Sua família (participando do experimento) menciona o passeio quando ele era criança, mostra fotos (falsas, claro) e, ao final, sem saber que está participando de um experimento ele afirma já ter andado de balão e descreve a experiência com clareza, " lembrando"  de fatos e até sensações que na verdade nunca aconteceram.

Olhando as interações sociais o autor mostra que muitas são regidas pelo inconsciente, linguagem corporal e expressões que fogem do nosso "controle racional". Ele também explica como um outro mecanismo de sobrevivência do nosso cérebro, a classificação de pessoas e coisas, garante a continuidade da espécie mas nos leva à armadilhas como o preconceito social.

Ao final, dá uma certa agonia entender como nosso cérebro funciona como temos muito menos controle de nós mesmos do que pensamos ter. Mas, por outro lado, entender a raiz de alguns comportamentos como o preconceito, abre portas para tentarmos mudar.